Cracóvia Polônia
- Castelo de Wawel e a Catedral
- O Dragão de Wawel
- A Rota Real
- Barbacã, Portão de São Florian e rua Floriańska
- Praça do Mercado
- Rua Grodzka
- João Paulo II, o Papa polonês
- Colégio Maius e a Universidade Jaguelônica
- Palácio dos Bispos e a Igreja Franciscana
- Museu do Papa
- Planty Park
- Museu Czartoryski
- Podgórze, o Gueto Judaico
- A Fábrica de Schindler
- O Muro do Gueto
- Praça dos Heróis e a Farmácia da Águia
- Bairro Kazimierz, sinagogas e baladinhas
- Basílica de Corpus Christi
- Sugestão de Hotel
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Cracóvia é considerada uma das cidades mais bonitas da Europa, com sua arquitetura gótica, renascentista e barroca. O Castelo de Wawel é um dos complexos arquitetônicos mais valiosos do mundo.
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Cracóvia é a cidade mais visitada da Polônia. O que atrai tantos turistas é o seu centro histórico ricamente preservado, as igrejas e seu belíssimo castelo.
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O nome Cracóvia vem de Krak, que foi o lendário fundador da cidade e governante da tribo dos Viscosões no ano de 1190, embora a cidade já existisse desde o século 7. O nome oficial completo da cidade é Stołeczne Królewskie Miasto Cracóvia (Capital Real de Cracóvia).
O Castelo de Wawel e o rio Vístula.
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Até 1596, Cracóvia foi a sede dos reis poloneses e a capital da Polônia. Porém, após um incêndio, o Rei Zygmunt III transferiu a capital para Varsóvia.
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A Polônia foi muito destruída durante a Segunda Guerra Mundial, mas Cracóvia escapou quase que ilesa. Por ter sido escolhida para abrigar a sede do partido nazista do Leste, a cidade foi poupada pelos bombardeios (diferentemente de Varsóvia, que foi reduzida à pó).
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Cracóvia tem uma profunda (e triste) relação com a 2ª Guerra Mundial. A cidade foi invadida pelos alemães que trouxeram muito sofrimento à população. A cidade abrigou um gueto judaico de onde muitas pessoas partiram para os campos de concentração. O mais horrível deles foi Auschwitz.
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Cracóvia é uma cidade plana que concentra boa parte dos monumentos próximos. O transporte público funciona super bem. E é uma cidade muito segura.
FotoCavallo - Flickr.
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Achei muito bonitinho o símbolo de um cavaleiro medieval estampado nos metrôs/trens. E no estofado dos assentos também.
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Em 1978, Karol Wojtyła, o arcebispo de Cracóvia, foi eleito Papa (João Paulo II), o primeiro papa não italiano em 455 anos. Em Cracóvia, o Papa fez toda sua carreira. Cursou a universidade, entrou para o seminário, se tornou Bispo e depois Papa. Escrevi um post mostrando a trajetória do Papa João Paulo II em Cracóvia e os pontos turísticos relacionados a sua vida CLIQUE AQUI
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A moeda na Polônia é o Zlot (bem parecido com o Real em valores).
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O idioma é o polaco, e é bem difícil. Não dá pra entender nada. NA-DA! Passei aperto na Polônia, confesso. Dicas de viagem para países de língua difícil CLIQUE AQUI
Castelo de Wawel e a Catedral
ATENÇÃO: É totalmente GRÁTIS passear pela parte externa do castelo, incluindo pátios e mirantes! Só paga se você quiser entrar na Catedral, no Museu ou no Palácio Real. O número de ingressos vendido por dia é limitado e eles têm um horário marcado para a entrada.
Às margens do Rio Vístula, no alto de uma colina, fica o belíssimo Castelo Real de Wawel. Ele é considerado um dos símbolos da Polônia. É uma construção incrível, com torres altas e cercada por uma muralha.
O Castelo de Wawel foi declarado Património Mundial da UNESCO em 1994.
Wawel é uma palavra eslava bem antiga. Os historiadores dizem que o nome pode ter 3 significados: Ravina (concentração de águas ao redor do morro); ou Movimentação dos pântanos ao redor da colina; ou Babel (no lugar do W seria um B) referente à torre bíblica.
A história do castelo remonta ao período Paleolítico, mas a construção em estilo gótico só veio a milhares de anos depois, feito para abrigar os 32 reis e rainhas que foram coroados e viveram por lá.
Rampa de entrada do castelo.
Vista do alto do castelo, com o rio Vístula lá embaixo.
Turistas no castelo apreciando a vista do alto.
Já o primeiro rei da Polônia, Mieszko I, escolheu o morro de Wawel como sua sede (no século 10). Foi também aqui onde começou a construção dos primeiros edifícios sagrados, e Cracóvia se tornou o mais importante centro polonês do cristianismo. Também os reis subsequentes escolheram o Wawel como o local administrativo mais importante da Polônia.
A Polônia sofreu várias invasões ao longo de sua história, e o Castelo de Wawel também atravessou tempos difíceis. Foi abandonado quando a capital do país foi transferida para Varsóvia, saqueado pelo exército do Reino da Prússia, ocupado pela Áustria e durante a Segunda Guerra Mundial, foi tomado pela administração nazista de Adolf Hitler. Com o fim da guerra, o país passou para o controle da antiga União Soviética e só com a libertação total do país nos anos 90 que o Castelo de Wawel foi totalmente restaurado e abriu suas portas para os visitantes.
Ao longo da sua existência, o castelo passou por várias transformações, e hoje o resultado é uma grande mistura de arquitetura gótica e renascentista, com prédios construídos em épocas diferentes. E no meio de tudo isso, ainda tem a magnífica Catedral de Wawel, formando um complexo muito interessante e emblemático.
O Castelo de Wawel esconde câmaras históricas, coleções que recordam os tempos dos primeiros representantes da dinastia Piast e túmulos dos reis. No seu interior, funciona um museu dedicado à história da monarquia polonesa, onde ficam expostos móveis, pinturas e armas. Um dos objetos mais valiosos é a espada usada na coroação dos reis poloneses.
O que visitar no Castelo de Wawel:
- Catedral de Wawel: Considerada o centro espiritual da Polônia e símbolo da história polonesa.
- Palácio Real: Primeira residência dos reis da Polônia, construído no século 11.
- Museu: Inaugurado em 1978 pelo Papa João Paulo II, expõe objetos religiosos e insígnias reais.
- Caverna do Dragão: Uma lenda da história do país.
A Catedral de Wawel
A Catedral de Wawel desempenha um papel especial na história da Polônia devido ao fato de que por 1.000 anos, foi o templo dos reis poloneses. Começando com Władysław I, em 1320, todos os reis poloneses foram coroados aqui. A partir de então, as cerimônias de Estado mais importantes ocorreram no altar-mor da catedral: coroações, casamentos, batizados e funerais reais.
IMPORTANTE SABER: Em 1942, o polonês Karol Józef entrou para o sacerdócio. Em 1946 foi ordenado padre e com 26 anos de idade, celebrou a 1ª missa de sua vida, na Catedral de Wawel. Karol Józef depois se tornaria o Papa João Paulo II. CLIQUE AQUI para ler sobre o Papa João Paulo II
A Catedral de Wawel.
Na frente da Catedral, tem uma estátua de Karol Józef, já como Papa.
É importante ressaltar que a Catedral de Wawel é o local de sepultamento dos monarcas poloneses. Inicialmente, os reis eram enterrados em câmaras funerárias localizadas no chão. O primeiro a ser sepultado no Castelo de Wawel foi o rei Władysław I.
Depois, veio o costume de enterrar reis em capelas separadas. Então começaram a ser construídas pequenas capelas adjacentes. Tais capelas são ricamente decoradas e possuem lápides magníficas de reis, que mais parecem obras de arte.
Entre as numerosas capelas da Catedral de Wawel, a capela fundada pelo rei Sigismundo I, merece atenção especial. Projetada pelo mestre italiano Bartolomeo Berrecci e construída entre 1519 e 1533 por escultores italianos, é uma pérola do Renascimento da Europa Central.
A Catedral vista de lado: uma "colcha de retalhos" de arquiteturas diferentes, formada pelas capelas que foram sendo construídas ao redor da catedral central.
Aos pés da colina de Wawel
Na base do castelo tem um belo jardim, tipo um parque público. Eu visitei Cracóvia no verão, e o lugar estava cheio de gente curtindo o sol. Tem também piers com barcos ancorados vendendo passeios pelo rio Vístula. Alguns barcos ficam ancorados permanentemente, pois funcionam como restaurantes ou bares.
Calçada da Fama.
O Dragão de Wawel
O Castelo de Wawel está associado à lenda do dragão que atacou a cidade quando Cracóvia foi fundada. O esconderijo do dragão ficava em uma caverna aos pés da colina. Para se alimentar, o dragão matava animais e pessoas.
Em defesa dos habitantes, o rei Krak prometeu dar a mão da sua filha Wanda, a quem conseguisse matar o dragão. Foram vários os cavaleiros que tentaram derrotar o bicho, mas sempre morriam no final.
Até que um dia, apareceu um humilde sapateiro de nome Skuba, e se ofereceu para a difícil tarefa. Ele planejou acabar com o dragão numa emboscada. Preparou uma ovelha com a barriga recheada de enxofre, lascas de madeira, cera, resina e alcatrão. Quando o dragão engoliu a ovelha, atirou-se no rio Vístula com pressa, e começou a tomar água sem parar, até explodir! E assim o sapateiro derrotou o dragão de Wawel...
Aos pés da colina, tem uma estátua do dragão, que fica soltando fogo pela boca de 5 em 5 minutos, ou quando se envia um SMS com o texto "SMOK" para o número 7168, kkkkk verdade, eu juro!
A Caverna do Dragão
Na frente da estátua do dragão, fica a entrada da caverna. Na verdade, ela foi formada há mais de 25 milhões de anos, mas só foi descoberta no século 16. Desde então, serviu como armazém, bordel e residência.
A luz fraca da iluminação e as sombras formadas pelas rochas criam uma atmosfera interessante. A caverna tem mais de 250 metros de extensão, mas, por motivos de segurança, o público pode percorrer apenas 80 metros. Dá para acessar a caverna descendo os 135 degraus vindos do castelo, ou pelo térreo (em frente à estátua do dragão).
É necessário pagar uma pequena taxa de entrada. Compre o ingresso em uma máquina na entrada da caverna.
Curiosidade
A cidade de Curitiba, capital do Paraná, recebeu muita influência da imigração polonesa no Brasil. No centro da cidade, na praça General Ozório, o médico Edwino Donato Tempski construiu um enorme edifício e deu o nome de Wawel. No térreo, logo no hall de entrada, há um belo mosaico retratando a colina de Wawel e o dragão, símbolos das lendas de Cracóvia. Para ler mais sobre Curitiba CLIQUE AQUI
Edifício Wawel - Rua Voluntários da Pátria, 400 - Praça General Ozório - Centro de Curitiba Paraná Brasil.
A Rota Real
A Rota Real de Cracóvia era o caminho cerimonial usado para desfiles comemorativos, marchas de coroação e procissões fúnebres, quando Cracóvia era a capital da Polônia. Ao longo da Rota, ficam os pontos mais importantes do centro histórico da cidade. A Rota possui 1,5 Km de extensão e dá pra gente fazer caminhando em 20 minutos. Na foto acima, eu marquei de vermelho o percurso da Rota.
- A rota começa no Barbacã,
- passa pelo Portão de São Florian,
- percorre toda a rua Floriańska,
- atravessa a Praça do Mercado,
- e percorre a rua Grodzka inteira
- até chegar no Castelo de Wawel.
Em seguida, vou falar de cada trecho separadamente.
Barbacã, Portão de São Florian e rua Floriańska
Cracóvia era uma cidade medieval e tinha uma Muralha defensiva que cercava a cidade. A Muralha de Cracóvia começou a ser construída no final do século 13. Ela tinha 3 metros de espessura reforçado com 39 torres e um fosso de mais de 6 metros de largura. Quando a muralha deixou de cumprir sua função, ela foi derrubada e no seu lugar foi construído o agradável Parque Planty que rodeia o centro histórico.
Atualmente, só há conservado um pedaço de 200 metros da Muralha defensiva de Cracóvia. É onde fica a Barbacã e o Portão de São Florian. É possível subir na Muralha para ver uma exposição sobre as antigas fortificações e imagens das antigas 39 torres. De todas as torres só restaram 2: a Torre do Carpinteiro e a Torre dos Ebanistas. Elas ficam uma do lado direito e a outra do lado esquerdo do Portão de São Florian.
Barbacã
Barbacã é uma construção de defesa usada na Idade Média para proteger a cidade de ataques e invasões. Funcionava como torre de vigilância e portão de entrada da cidade, que era cercada por uma Muralha.
A Barbacã de Cracóvia é um dos 3 únicos postos avançados fortificados que ainda existem na Europa. Foi construída em 1499 em resposta à ocupação Otomana. A construção tem uma planta circular de 25 metros de diâmetro rodeada por um muro de pedra e tijolo de vários metros de espessura, e contornado por um fosso.
O prédio tem 3 andares e 7 torres. No seu interior havia 120 canhões à postos, prontos para atirar. A Barbacã nunca foi atacada, e com o passar dos séculos, foi caindo em desuso. Hoje, ela abriga uma filial do Museu de Guerra de Cracóvia. Não tem muito o que ver por dentro. É perfeita mesmo de se admirar por fora.
A Barbacã se conectava ao Portão de São Florian através de um “pescoço”, que hoje não existe mais.
Maquete que mostra o Portão de São Florian à esquerda e a Barbacã à direita.
Portão de São Florian
O Portão de São Florian é uma torre de pedra do século 14. Hoje, é o único portão da cidade remanescente dos 8 originais construídos na Cracóvia medieval. Esse era o principal portão de entrada para a cidade.
A fachada do Portão voltado para a rua Floriańska é adornada com relevos do século 18 com a imagem de São Florian, santo padroeiro da cidade. Dentro do portão há um altar classicista do início do século 19, uma pequena galeria e também é onde os artistas locais vendem suas artes.
A Muralha, o Portão de São Florian e ao fundo, a Torre dos Ebanistas.
A Muralha e a Torre do Carpinteiro.
Rua Floriańska
A rua Floriańska, na minha opinião, é uma das ruas mais bonitas do mundo. Mesmo Mesmo! Sem exagero. Ela parece um desenho, uma tela pintada por um artista.
A rua Floriańska liga o Portão de São Florian à Praça do Mercado. É uma rua medieval que surgiu em 1257. É movimentada, cheia de lojas, restaurantes e cafeterias. Um charme!
Esse é o sentido da rua voltado para a Praça do Mercado, com as torres da Basílica de Santa Maria ao fundo.
Esse é o sentido da rua voltado para o Portão de São Florian, ao fundo na foto.
A revista polonesa Wprost chegou a classificar a rua Floriańska como a 3ª rua mais prestigiada da Polônia, e a mais prestigiada de Cracóvia, depois da rua Nowy Świat e da rua Krakowskie Przedmieście, ambas em Varsóvia. Os aluguéis na rua Floriańska são os 2ºs mais altos da Polônia, perdendo apenas para a rua Nowy Świat. Para ler sobre as ruas Nowy Świat e Krakowskie Przedmieście em Varsóvia CLIQUE AQUI
Praça do Mercado
Foto: Wikipédia.
A Rynek Glowny é a praça principal do centro histórico de Cracóvia. De tão linda e importante, recebeu o título da UNESCO de primeiro Patrimônio Mundial da Polônia, em 1978.
A Rynek Glowny é uma das maiores praças de mercado medieval da Europa. Existe desde 1257 e mede cerca de 40 000 m², com 11 ruas que saem dela. Cada lado da praça mede 200 metros! É um enorme espaço quadrado rodeado por prédios históricos belíssimos.
A praça serviu como o principal mercado da cidade, recebendo comerciantes locais e estrangeiros. Na Idade Média, Cracóvia floresceu como membro da Liga Hanseática e era um importante centro comercial nesta parte da Europa.
Hoje em dia, é um enorme espaço cultural, com várias apresentações de rua acontecendo ali diariamente, principalmente no verão. É o principal centro turístico de Cracóvia, com grande concentração de pessoas e charretes puxadas por cavalos (infelizmente).
Os principais monumentos da Praça do Mercado são:
- Clock Hall (o prédio do mercado)
- Basílica de Santa Maria
- Monumento Adam Mickiewicz
- Torre da antiga prefeitura (a Town Hall Tower)
- Igreja de São Wojciech (São Adalberto, em português)
- A cabeça de "Eros Vendado"
Clock Hall
O mercado tem uma maravilhosa varanda em arcos que contorna todo o prédio.
O centro da praça é dominado pelo maravilhoso prédio do Clock Hall, um enorme mercado medieval que existe desde o século 13, mas que foi reconstruído no século 16 em estilo renascentista. Durante séculos, os comerciantes locais trocaram ali tecidos, chumbo e sal, por produtos exóticos importados do Oriente. Hoje em dia, o mercado é cheio de lojinhas que vendem souvenirs, artesanato polonês e principalmente joias feitas com âmbar. No subterrâneo do mercado, fica o Museu da cidade de Cracóvia (o Rynek Underground Museum).
Basílica de Santa Maria
A Basílica de Maria foi erguida no início do século 13. É um belo exemplo de arquitetura gótica. O prédio possui duas torres diferentes uma da outra. A torre mais alta, decorada com uma coroa dourada, é conhecida como “Hejnalica” e no passado funcionava para informar sobre a abertura e o fechamento dos portões da cidade, além dos incêndios e ataques inimigos.
A cada hora, um trompete é tocado no alto da torre, quatro vezes consecutivas, uma em cada direção cardeal. Mas a melodia é bruscamente interrompida, em memória do lendário trompetista que tentou alarmar a cidade dos invasores, mas foi atingido por uma flecha e não terminou de tocar.
Durante o verão, é possível subir na torre para ver a cidade do alto e conhecer a sala onde o trompetista tocava.
O interior da basílica é belíssimo. O teto azul com estrelas douradas chama a atenção. As paredes são ricamente ornamentadas em ouro. Os bancos de madeira maciça têm mais de 500 anos. No altar há um retábulo do século 14 esculpido pelo famoso escultor alemão Veit Stoss. A peça possui mais de 200 figuras talhadas e mede 12 metros de altura, sendo o maior de toda Europa.
A Basílica de Santa Maria é considerada uma obra prima da arquitetura gótica polonesa.
Tem uma lenda urbana "trágica" que explica a diferença entre as torres da basílica: Dizem que as torres foram construídas por dois irmãos, e os dois eram muito competitivos entre eles. Quando um percebeu que a torre do outro estava ficando maior, ele matou o irmão para ganhar a disputa. Tempos depois, o irmão assassino caiu em arrependimento e se matou, saltando do alto da torre que ele mesmo havia construído.
Monumento Adam Mickiewicz
Adam Mickiewicz foi um grande poeta e líder na luta pela independência polonesa durante o século 19. O monumento foi inaugurado em 16 de junho de 1898, no 100º aniversário do nascimento do poeta. Embora Adam Mickiewicz nunca tenha estado em Cracóvia, suas ações aguçaram o espírito nacionalista e patriótico em toda a Polônia. A coluna com a estátua no alto é rodeada por uma escadaria, que fica sempre cheia de gente.
Torre da Antiga Prefeitura
A Town Hall Tower é hoje o único elemento existente do complexo de edifícios da prefeitura que ficava na praça. A antiga prefeitura foi construída no século 14. Consistia em um pátio interno, uma prisão e um celeiro, todos demolidos no século 19. Hoje, só restou a torre. Nela funciona um museu. Pode subir no alto da torre para ver Cracóvia do alto.
A torre se destaca na paisagem da praça.
Maquete que mostra como era o prédio da prefeitura antes de ser demolido.
Igreja de São Wojciech
A igreja é quadradinha, nem parece uma igreja.
Em português, Igreja de São Adalberto. De acordo com a lenda, a Igreja de São Wojciech foi construída no local exato onde São Adalberto costumava pregar seus sermões no final do século 10. Essa igreja é uma das mais antigas da Polônia, que remonta ao século 11. O exterior e o interior são ambos de estilo barroco. Por dentro ela é minúscula, cabem pouquíssimas pessoas, mesmo assim tem missa. No porão da igreja há uma exposição dedicada à história da Praça Principal, administrada pelo Museu Arqueológico.
A cabeça de "Eros Vendado"
Em um canto da praça, atrás da antiga torre da prefeitura, fica uma escultura de cabeça deitada, feita de bronze e gigante, que se chama Eros Vendado. É uma peça do artista polaco Igor Mitoraj, que tem obras espalhadas pelo mundo todo. A escultura é oca e aberta, permitindo que as pessoas entrem nela. Tinha muitas crianças brincando dentro da cabeça quando eu fui. Igor Mitoraj doou a escultura à cidade de Cracóvia em 2004 durante exposição de suas obras na Praça do Mercado. O escultor se inspirou na mitologia grega e romana. Eros é o deus do amor e do desejo. A obra é interpretada como um símbolo de ser escravizado pelo amor.
À seguir, fotos da Praça do Mercado iluminada à noite, linda linda!
Rua Grodzka
A rua Grodzka faz parte da Rota Real de Cracóvia. Ela liga a Praça do Mercado até o Castelo de Wawel. É uma das ruas mais antigas de Cracóvia. Fazia parte de uma antiga rota comercial norte-sul. Ao longo da rua tem vários prédios históricos, incluindo palácios e igrejas.
É uma rua bem bonita, com bastante comércio. Tem lojas, restaurantes e cafeterias. Está sempre cheia de turistas, principalmente no verão.
Parte da rua foi destruída pelo incêndio de Cracóvia de 1850. Na segunda metade do século 19, a rua já estava reconstruída. No cruzamento com a Plac Wszystkich Świętych, passa até uma linha de bonde.
Igreja da Santíssima Trindade.
A torre que chama atenção na paisagem da rua, pertence à Igreja de Santo André, uma igreja histórica construída no final do século 11 como uma igreja fortaleza usada para fins defensivos. Ao lado da Igreja de Santo André, fica a Igreja de São Pedro e São Paulo, uma igreja barroca católica, construída no início do século 17.
Igreja de Santo André, com sua famosa torre.
Igreja de São Pedro e São Paulo, a 1ª igreja barroca da Polônia.
João Paulo II, o Papa polonês
João Paulo II foi eleito Papa em 1978. Ele foi o primeiro papa não italiano em 455 anos de história no Vaticano. Karol Józef Wojtyła nasceu no ano de 1920 em Wadowice, uma pequena cidade perto de Cracóvia. Aos 18 anos de idade, mudou-se para Cracóvia onde viveu muitos anos da sua vida. Em Cracóvia, ele morou, fez faculdade, deu aula, entrou para o seminário, virou Bispo e atuou na cidade até ser eleito Papa.
João Paulo II foi Papa durante 26 anos. Ele morreu no Vaticano aos 84 anos de idade, no dia 02/04/2005. Seu corpo está enterrado na cripta da Catedral de São Pedro no Vaticano, junto a outros Papas.
O Papa João Paulo II é considerado Santo, não só na Polônia, mas no mundo inteiro. Dentro da Catedral de Wawel, eu peguei um santinho de oração, que estava toda em polonês, claro, mas eu joguei no Google para traduzir.
Atualmente, os locais que fizeram parte da vida do Papa em Cracóvia, são pontos turísticos muito importantes e bastante visitados. São eles:
- Universidade Jaguelônica e Colégio Maius
- Catedral de Wawel
- Palácio dos Bispos
- Museu da Arquidiocese de Cracóvia, a casa onde o Papa morou em Cracóvia.
À seguir, falo desses lugares. (Sobre a Catedral de Wawel eu já falei no início desse post).
Colégio Maius e a Universidade Jaguelônica
A Universidade Jaguelônica foi a 1ª universidade estabelecida na Polônia, fundada em 1364. É uma das mais antigas da Europa. O Colégio Maius é o prédio mais antigo da Universidade Jaguelônica.
A universidade tem esse nome em homenagem à dinastia Jagielloński, que patrocinou grandes universidades do Renascimento e do humanismo.
É uma universidade pública muito bem conceituada e respeitada na Europa. Nela estudaram alunos ilustres, como Nicolau Copérnico e Karol Józef (o Papa João Paulo II), que mais tarde, tornou professor e deu aula nessa mesma universidade que um dia foi aluno.
Hoje o Colégio Maius abriga o museu dedicado à história da universidade e de seus muitos ex-alunos famosos. O museu possui uma extensa coleção de instrumentos históricos utilizados pela astronomia, meteorologia, cartografia, física e química, que são expostos ao longo das diferentes salas do edifício.
A parte mais bonita do Maius é o seu pátio com arcadas. Nele há um relógio que contém pequenas esculturas de pessoas notáveis na história da universidade.
CURIOSIDADE:
Um ídolo dos poloneses é Nicolau Copérnico (1473 - 1543), astrônomo e matemático autor da Teoria Heliocêntrica, a que prova que o Sol é o centro do nosso sistema planetário, e não a Terra (ou Deus) como era defendido na Idade Média. A Igreja chegou a condenar a teoria, excomungando e levando à inquisição quem a defendesse na época. Copérnico nasceu e viveu na Polônia, até morrer aos 70 anos.
Essa famosa obra acima retrata Nicolau Copérnico. Ela se chama “Astrônomo Copérnico: Conversa com Deus”. É uma enorme tela do pintor polonês Jan Matejko, que fica exposta na Universidade Jaguelônica em Cracóvia. A tela monumental foi pintada em 1873 para marcar o 400º aniversário do nascimento do astrónomo. Em vez de retratar Copérnico no momento de sua descoberta do heliocentrismo, Matejko optou por pintá-lo no telhado de uma torre na sua cidade natal de Frombork, debatendo o assunto com Deus.
Nas lojinhas de souvenirs de toda a Polônia, o que a gente mais vê, são fotos de Copérnico estampadas em tudo que você pode imaginar: imãs de geladeira, canecas, chocolates etc, kkkk.
Palácio dos Bispos e a Igreja Franciscana
Depois que Karol Józef foi eleito Papa, ele passou a morar em Roma, no Vaticano. Mas sempre que visitava a Polônia, ficava hospedado no Palácio dos Bispos em Cracóvia. O prédio tem um janelão central, de onde o Papa atendia e conversava com os fiéis. Hoje, no lugar da janela, fica uma fotografia gigante do Papa.
Em frente ao Palácio dos Bispos, tem uma praça muito bonita com bancos escritos com mensagens do Papa.
Nesse banco, está escrito em polonês: "Eu estava procurando por você e agora você veio até mim." Ass: Santo Papa João Paulo II.
Igreja Franciscana
Nessa praça, também fica a Igreja Franciscana, um excelente exemplo de arquitetura gótica. Em meados do século 19, todo o complexo foi devastado por um incêndio. Hoje já está reformado.
Museu do Papa
Endereço: Rua Kanonicza, 19.
Em 1958, Karol Józef (antes de se tornar Papa) se tornou Bispo Auxiliar de Cracóvia. Com 38 anos de idade, foi o mais jovem Bispo da Polônia. Em 1964, ele se tornou Arcebispo de Cracóvia. Durante esse período, ele morou em uma casa no centro histórico de Cracóvia, onde hoje funciona um museu que expõe seus pertences pessoais.
A casa onde Karol Józef morou durante 16 anos (antes de se tornar Papa), hoje é um museu.
Na verdade, é o Museu da Arquidiocese de Cracóvia, mas o grande destaque é o acervo que pertencia ao Papa.
CLIQUE AQUI para ler mais sobre o Papa João Paulo II
Planty Park
Cracóvia era uma cidade medieval fortificada. Atualmente, a muralha que cercava tudo não existem mais. No lugar dela, existe o Planty Park, um imenso cinturão verde que circula todo o centro histórico. São 8 Km de parque lindo e bem cuidado. Ao visitar os pontos turísticos, inevitavelmente a gente passa pelo Planty Park.
Museu Czartoryski
O prédio do Museu Czartoryski fica ao lado da Muralha e do Portão de São Florian, no centro histórico.
É o museu mais antigo da Polônia. Foi fundado em 1796 pela nobre matriarca da família Czartoryski. Em 1801, tornou-se o primeiro museu público polonês.
Uma das peças mais procuradas pelos visitantes é a tela “A Dama com Arminho” de Leonardo da Vinci. A obra é de 1489 e é considerada a ‘Monalisa da Polônia’. Uma obra prima do Renascimento italiano. A dama retratada é Cecília Gallerani, e o quadro foi encomendado pelo amante dela, Ludovico Sforza.
Curiosidade: o animal que ela segura nos braços não estava presente na hora da pose. Leonardo pintou o bicho depois. O Arminho representa o sobrenome da jovem em grego galée, mas também é o símbolo do amante Ludovico. Cecília abraça carinhosamente o seu amor junto ao colo. Surpreendentemente, após a conclusão da obra, Ludovico terminou o romance com a jovem e se casou com outra.
Durante as guerras e conflitos do século 19, o acervo do museu teve que ser removido e escondido, viajando pela Europa e finalmente trazido de volta à Polônia em 1882. Novas instalações em Cracóvia foram compradas para estabelecer o museu. Em 2016, o Museu Czartoryski foi incorporado ao Museu Nacional em Cracóvia.
Podgórze, o Gueto Judaico
Só para ficar claro: O bairro Podgórze é o bairro do Gueto Judaico, cercado pelo Muro, criado pelos nazistas durante a guerra para confinar os judeus. O bairro de Kazimierz era o bairro onde os judeus viviam antes da Segunda Guerra Mundial e antes de serem obrigados a viverem no Gueto Judaico.
Sobre o bairro de Kazimierz, eu falarei mais à diante. Agora vou falar sobre Podgórze.
No bairro de Podgórze, aconteceram as maiores atrocidades de Cracóvia durante a Segunda Guerra Mundial. Por ser um bairro afastado do centro e localizado do outro lado do rio Vístula, Podgórze foi a região escolhida pelos nazistas em 1941 para enviar os judeus à força e assim, "limpar a cidade", como eles terrivelmente diziam.
Havia duas guerras acontecendo ao mesmo tempo: a guerra da Alemanha contra a Europa e a guerra de Hitler contra os judeus.
O bairro de Podgórze então foi cercado por um muro e foi chamado de Gueto Judaico, onde foram confinados cerca de 17 mil judeus em uma área designada para 3 mil habitantes. O Gueto era um lugar com enorme aglomeração de pessoas, doenças e privação de direitos e de liberdade. Vou falar mais sobre o Gueto logo à seguir.
O Gueto Judaico existiu até o final da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha perdeu a guerra e o muro que cercava o Gueto não existe mais. Mas até hoje, a comunidade judaica de Cracóvia ainda vive no bairro de Podgórze.
Em Podgórze ficam lugares históricos de 'virar o estômago', mas que devem ser visitados. Apesar de tudo, a história está lá pra ser contada, e não para ser esquecida, por mais que isso doa.
Os lugares são:
- A Fábrica de Schindler
- O Muro do Gueto
- A Praça dos Heróis e a Farmácia da Águia
Falarei deles à seguir:
A Fábrica de Schindler
Quem não assistiu ao filme “A Lista de Schindler”, tem que assistir. Quem já assistiu, assista de novo!
A Lista de Schindler é um filme de 1993, eleito um dos melhores filmes de todos os tempos, com direção de Steven Spielberg e sucesso de bilheteria. Foi indicado para 12 Oscars, venceu 7.
O filme conta uma triste história real...
Em 1939, durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha invadiu a Polônia. Oskar Schindler, um alemão que era membro do Partido Nazista, chegou em Cracóvia e assumiu a fábrica de utensílios de cozinha alemã. Além de esmaltar panelas, a fábrica também produzia projéteis de munição.
No início, a intenção de Schindler era fazer fortuna lucrando com a guerra. Com o tempo, ele foi ficando chocado com as barbaridades que presenciava, e decidiu ajudar os judeus da maneira que podia. Percebeu que, recrutando trabalhadores judeus, esses não seriam mandados para os campos de concentração. Para despistar o comando alemão, ele usou o argumento de que se empregasse mão de obra barata (judeus), isso diminuiria significativamente os custos de produção.
Para ver como foi minha visita ao Campo de Concentração de Auschwitz CLIQUE AQUI
Então, Schindler começou a contratar trabalhadores do gueto judaico. Dessa maneira, até o final da Guerra, Schindler conseguiu salvar 1200 judeus. Os nomes dos funcionários eram relacionados em uma lista, a Lista de Schindler. Daí o nome do filme.
Na porta da fábrica tem as fotos das pessoas da lista, que sobreviveram com a ajuda de Schindler.
Na verdade, o número de pessoas salvas indiretamente foi bem maior, porque Schindler permitia que os funcionários adulterassem os projéteis de munição, de forma que as balas falhassem quando os alemães atirassem, salvando assim mais vidas. Além disso, Schindler usou quase todo seu dinheiro para subornar os oficiais nazistas, impedindo uma matança ainda maior.
Sua esposa, Emilie Schindler, era uma pessoa muito boa e também ajudou o marido nessa empreitada de salvar vidas.
Em 1945, a Alemanha se rendeu e a guerra terminou. Schindler, sendo membro do partido nazista, precisou fugir para não se capturado e julgado como criminoso de guerra. Porém, várias pessoas que ele havia ajudado, prepararam uma declaração relatando todo seu papel no salvamento das vidas dos judeus. Com isso, ele foi absolvido.
Na Alemanha, e sem recursos financeiros, Schindler passou a viver da ajuda das organizações judaicas. Tentou abrir vários negócios, mas nenhum foi adiante. Em 1963 sofreu um ataque cardíaco e em 1974 veio a falecer, aos 66 anos de idade.
O corpo de Schindler está sepultado em Jerusalém, onde ele pediu para ser enterrado.
Durante a vida, ele recebeu várias honrarias e títulos atribuídos pelo Estado de Israel pelo seu papel ativo no salvamento de judeus durante o Holocausto. Também recebeu honrarias vindas da Alemanha, no caso foi a Ordem de Mérito Alemã, em 1966.
A Fábrica de Schindler existe até hoje em Cracóvia e pode ser visitada. Nela funciona um museu dedicado à Oskar Schindler, com reconstruções, imagens e sons que nos transportam para o duro período que os judeus viveram na Polônia durante a ocupação nazista.
O escritório de Oskar Schindler.
No final, da exposição do museu, ficam expostas várias mensagens de pessoas que foram ajudadas. Uma mensagem chama a atenção: “Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro”. Essa é uma das frases mais conhecidas, usada no filme “A Lista de Schindler”.
O Muro do Gueto
O Gueto Judaico foi criado pelos nazistas em 1941 para retirar os judeus do centro de Cracóvia e concentrá-los em uma região afastada. Era como uma "limpeza étnica".
O Gueto era cercado por um muro e as pessoas só podiam sair para trabalhar. No final do dia, eram obrigadas a voltar para "a prisão", porque o Gueto era isso, uma prisão à céu aberto, um lugar super povoado, cheio de doenças, fome, com privações de direitos e de liberdade. O Gueto existiu até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Hoje, o muro não existe mais. Há apenas 2 segmentos dele que ainda estão de pé. Um fica perto do antigo cemitério de Podgórze. O outro fragmento (o mais visitado), fica na rua Lwowska, nº25. É um pedaço de muro de 12 metros de comprimento e 3 metros de altura.
A parte mais macabra de tudo isso, é que o muro era moldado para se parecer com lápides! Ai gente, que tristeza.
No muro há uma placa (em polonês e hebraico) que diz: "Aqui eles viveram, sofreram e morreram nas mãos dos torturadores alemães. A partir daqui eles começaram sua viagem final aos campos de extermínio."
Em Varsóvia também havia um Gueto CLIQUE AQUI para ver
Praça dos Heróis e a Farmácia da Águia
A Plac Bohaterów Getta (Praça dos Heróis do Gueto) era a praça principal do Gueto Judaico. Dessa praça partiam os trens que levavam os judeus para os campos de concentração. As pessoas que dali partiam, nunca mais voltavam.
Era um lugar cruel e aterrorizante. Havia uma seleção feita pelos alemães, uma coisa humilhante para os judeus e que causava a separação das famílias. Homens de um lado, mulheres e crianças do outro.
Antes de embarcarem nos trens, os judeus eram obrigados a largar todos seus pertences para trás, como malas e móveis.
Em memória às vítimas do Holocausto, há na praça uma instalação de arte inspirada nos móveis abandonados. A obra é composta por várias cadeiras de ferro espalhadas, uma homenagem do diretor de cinema Roman Polanski, que é judeu e viveu no Gueto. Nessa época, ele tinha apenas 8 anos. Ele sobreviveu ao Holocausto e hoje está com 90 anos de idade (2023*).
Os trens carregados de judeus saiam daqui dessa praça com destino aos campos de concentração. Eles não sabiam que a parada final era o terminal ferroviário de Auschwitz (foto abaixo), local de onde nunca sairiam vivos. Para ver como foi minha visita ao Campo de Concentração de Auschwitz CLIQUE AQUI
Terminal ferroviário de Auschwitz.
A Farmácia da Águia
Na mesma praça fica a Farmácia Pod Orlem (Farmácia da Águia). Ela era a única farmácia do Gueto, um lugar de refúgio que ajudou muitos judeus.
Quando os alemães criaram o Gueto Judaico, recomendaram aos poloneses não-judeus que abandonassem a região. O dono dessa farmácia decidiu ficar. Ele era Tadeusz Pankiewiz, que fornecia remédios para o Gueto, muitas vezes gratuitamente. Ele também criou um local de encontro secreto para a intelectualidade judaica, contrabandeou alimentos e informações e foi encarregado de guardar os objetos mais valiosos que os judeus deportados tiveram que deixar para trás.
A farmácia sobreviveu à guerra e funcionou até 1967, quando fechou as portas. Hoje ela funciona como museu cheio de histórias para contar, dedicado ao polonês dono da farmácia, Tadeusz Pankiewiz, que em 1983, foi reconhecido como um cidadão “justo entre as nações”.
Bairro Kazimierz, sinagogas e baladinhas
Só para ficar claro: O bairro de Kazimierz era o bairro onde os judeus viviam antes da Segunda Guerra Mundial e antes de serem obrigados a viverem no Gueto Judaico. O bairro Podgórze é o bairro do Gueto Judaico, criado pelos nazistas durante a guerra para confinar os judeus.
Sobre o bairro de Podgórze, eu já falei acima. Agora vou falar sobre Kazimierz.
O bairro de Kazimierz era onde os judeus poloneses viviam antes da Segunda Guerra Mundial e antes de serem confinados no Gueto criado pelos nazistas. Com o fim da guerra, Kazimierz ficou em um estado totalmente decadente e foi apenas depois da rodagem do filme “A Lista de Schindler” que começou a sua recuperação.
Hoje é um bairro revitalizado e badalado de Cracóvia, cheio de bares legais, galerias de arte e lojas diferentonas que vendem coisas vintage. De dia, é uma região criativa e alternativa. À noite, é onde a vida noturna acontece, com restaurantes kosher e shows klezmer. O destaque é a rua Józefa.
Outros pontos de interesse do bairro Kazimierz são o Museu Judeu da Galicia (que celebra a cultura judaica local) e a Praça Nova (ponto de encontro de estudantes).
Por se tratar de um antigo bairro judeu, Kazimierz é uma região de muitas sinagogas.
As principais são:
Antiga Sinagoga
Construída no século 15, é a sinagoga mais antiga de toda Polônia. Até 1939, a Antiga Sinagoga era o coração da vida religiosa, social e política judaica em Cracóvia. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi usada como armazém pelos nazistas, ficando praticamente destruída. Ela teve que ser reformada em diversas ocasiões.
A Velha Sinagoga de Cracóvia é um dos monumentos de arquitetura religiosa judia mais valiosos da Europa. Possui elementos renascentistas e góticos. Se por fora impressiona, por dentro decepciona um pouco, porque seu interior foi bastante alterado nas reformas.
No final da guerra foi restaurada e escolhida para abrigar a coleção judaica do Museu Histórico de Cracóvia. Possui elementos litúrgicos e antigos documentos que mostram a história dos judeus em Cracóvia.
Sinagoga de Isaac
A Sinagoga de Isaac é a maior e uma das mais belas sinagogas de Cracóvia. Tem o nome de seu fundador, Izaak Jakubowicz, rico comerciante judeu e banqueiro do rei polonês Wadyslaw IV.
A sinagoga foi construída em 1644 sob os olhos de Giovanni Trevano, um arquiteto italiano que trabalhava na corte real. Sua fachada séria esconde um interior de estilo barroco que ainda conserva alguns descoloridos frescos de textos em hebreu do século 17, que dão um aspecto especial ao templo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas fizeram uma devastação significativa na sinagoga, o que causou perdas irreversíveis. A sinagoga também testemunhou a trágica morte do oficial judeu de plantão, Maximilian Redlich, que foi morto a tiros nas portas da sinagoga por oficiais nazistas, depois que ele se recusou a queimar os pergaminhos da Torá.
Atualmente essa sinagoga abriga uma exposição e antigos documentários que mostram o passado do bairro de Kazimierz e a vida dos judeus que moravam lá.
Sinagoga Alta
A Sinagoga Alta (também chamada de Sinagoga Wysoka) foi construída em 1563, uma das primeiras construídas da Polônia e a 3ª sinagoga de Kazimierz. É chamada de Sinagoga Alta por causa da atípica localização da sala de orações, que está no andar superior do edifício e não no térreo, o que faz dela a sinagoga mais alta de Cracóvia. A explicação disso seria que a sinagoga fica na área que separa a parte judaica de Kazimierz do lado católico. E para terem mais privacidade, resolveram passar a sala de orações para cima.
Durante a ocupação da Polônia na Segunda Guerra Mundial, os nazistas destruíram o interior do templo, mas, apesar disso, ainda se conservam alguns restos de murais originais que dão à sinagoga um valor especial. Hoje, os visitantes podem ver o Aron Kodesh original (“altar”) e uma exposição fotográfica sobre o destino da comunidade judaica em Cracóvia.
Basílica de Corpus Christi
Apesar de ser um bairro judeu, Kazimierz abriga uma igreja católica, a Basílica de Corpus Christi. Ela é um dos poucos edifícios cristãos que ainda existem no bairro.
A Basílica de Corpus Christi é considerada um dos templos barrocos mais bonitos do centro da Europa, por isso, deve ser visitada. Foi construída em etapas. Começou a ser erguida em 1340 e só terminou no século 15. Sua imponente estrutura gótica de tijolos se destaca ao longe. Foi uma das muitas fundações do rei Casimiro IIl, o Grande, cujo reinado é frequentemente referido como "a idade de ouro" na história polonesa.
Durante a invasão sueca, o interior da Basílica do Corpus Christi foi saqueado e ficou praticamente devastado, mas foi restaurado minunciosamente e atualmente oferece uma bela mistura de arquitetura gótica e barroca. Alguns dos elementos mais chamativos do interior são o conjunto de cadeiras do presbitério, o mausoléu renascentista de Vladislau II e o púlpito com forma de barco que se agita nas ondas. No interior também encontramos o maior órgão da cidade.
Inicialmente, a igreja foi planejada como um mosteiro, o que explica o grande terreno em que fica, e o antigo cemitério monástico ao lado dela.
Sugestão de Hotel
Fiquei hospedada no Hotel Royal. Para acessar o link CLIQUE AQUI
É um hotel antigo, mas muito charmoso. Está em processo de modernização e promete estar novo em folha em 2025. O hotel fica ao lado do Castelo de Wawel, bem no centro histórico. Fui a pé para todos os pontos turísticos. O hotel fica praticamente na rua Grodzka, uma das principais de Cracóvia. A região é cheia de restaurantes, cafeterias e lojas. Tem metrô/trem na porta. Super fácil de chegar. O café da manhã está incluído na diária, o que é muito bom.
O Castelo de Wawel à esquerda, e o Hotel Royal à direita.
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Ana Cassiano
Morei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.