O Trono de Coroação do Reino Unido

Quando pensamos em coroação de reis e rainhas, as imagens que vêm à nossa mente são de luxo e riqueza. Porém, há uma certa simplicidade no Trono do Reino Unido. O Trono é feito de madeira de carvalho, talhado como uma espécie de relicário com detalhes góticos. 

A origem do trono foi bem retratada no filme "Coração Valente" imortalizado no cinema por Mel Gibson. A peça foi encomendada pelo rei inglês Edward 1º logo após sua vitória na Primeira Guerra de Independência Escocesa, liderada por William Wallace. 

O simbolismo desse Trono é imenso. É uma peça muito antiga, tem mais de 700 anos, e nele todos os monarcas britânicos foram coroados, desde 1296. 

A Pedra do Destino, faz parte do Trono. É um bloco de arenito com 66cm por 42 cm e peso de aproximadamente 152 quilos, que foi usado por séculos para as cerimônias de coroação dos monarcas da Escócia. Segundo a tradição escocesa, a Pedra do Destino, também conhecida como Jacob's Pillow Stone, (O travesseiro de Pedra de Jacó) seria literalmente a pedra consagrada à Deus depois de ser usada como travesseiro pelo patriarca israelita Jacó. A pedra teria sido transportada para Escócia pelo profeta Jeremias e adotada como santa pelos monarcas escoceses. 

A Pedra foi tomada dos escoceses ao perderem a Guerra da Independência e levada para a Abadia de Westminster a fim de ser incorporado ao Trono de madeira. A partir daí, passou a ser a o assento oficial da Coroação da maioria dos soberanos ingleses. 

Depois de ser tomada pelos ingleses, é claro que a Pedra se tornou mais um motivo de discórdia entre Escócia e Inglaterra. Antes de ser levada para Londres, em 1296, a pedra ficava na Abadia de Scone, perto de Perth, na Escócia. Em 1328 os ingleses até concordaram devolvê-la, mas a essa altura a população achava que a pedra deveria ficar onde estava e impediu a remoção. Com a ascensão do escocês Jaime 1º ao Reino britânico (após a morte de Elizabeth 1ª) o assunto foi arquivado, mas não esquecido. 

No final das contas, em oito séculos, o Trono de Edward só foi removido da Abadia de Westminster três vezes: 

  • em 1640, na cerimônia que empossou Oliver Cromwell como Lorde Protetor da Inglaterra, que aconteceu em Westminster Hall e não na Abadia; 

  • entre 1939 e 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, quando foi para Catedral de Gloucester para evitar ser danificado por ataques aéreos alemães; 

  • e em 2010, quando foi transferido para a Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor. 

Apenas em 1996, quando completava 700 anos em solo inglês, que a Pedra do Destino foi devolvida à Escócia e até hoje se encontra no Castelo de Edimburgo, onde pode ser apreciada pelos turistas. Eu já estive lá, clique AQUI para ver.

     Nós no Castelo de Edimburgo na Escócia.

 

O Trono já foi alvo de atentados, roubos e outros danos

O Trono quase foi "perdido" no período em que esteve escondido em Gloucester porque quando foi enterrado por segurança, o Trono não recebeu cuidados por seis meses, tendo ficado cercado por milhares de sacos de areia no subsolo e atacado por fungos, demandando um processo delicado de recuperação. 

Um dos ataques mais conhecidos foi em 1914, creditado ao movimento das sufragistas da União Social e Política das Mulheres, acusadas de terem plantado uma bomba que quebrou e queimou o canto superior esquerdo do assento. 

Outro momento de suspense foi no Natal de 1950, quando quatro nacionalistas escoceses invadiram a Abadia para resgatar a pedra e devolvê-la ao seu país. Descuidados, eles deixaram o artefato cair, por isso ele acabou quebrando ao meio. Antes disso, os mesmos invasores tinham dividido o assento em dois, além de quebrar a grade de madeira na frente, justamente para retirar a pedra. A peça só foi recuperada em 1951, dois anos antes da coroação da Rainha Elizabeth 2ª, em 1953, que claro, usou o trono já com a pedra incorporada novamente. 

Infelizmente, ao longo do tempo, o Trono foi sendo riscado e rabiscado por pessoas que decidiram deixar iniciais marcadas na madeira. O mais famoso grafite que ficou registrado diz: “P. Abbott dormiu nesta cadeira de 5 a 6 de julho de 1800." Ninguém identificou o vândalo adormecido, mas desconfiam que os alunos da Westminster School possam ter sido os autores. 

A maior parte das pichações foram causadas por alunos da Westminster e visitantes que tiveram acesso ao trono entre os séculos 18 e 19. Alguns pesquisadores conseguiram inclusive traçar a origem de algumas iniciais a duques e barões, que teriam deixado suas inscrições marcadas para a história.

Outros o marcaram como marketing pessoal, como o marceneiro John Fenn, contratado em 1761 para arrumar o trono para a coroação de George 3º e que achou que valia deixar seu nome visível com a marca "FENN" talhada nos braços. 

O trono passou pela última restauração entre 2010 e 2012, e, desde o início de 2023, vem sendo preparado para a cerimônia do dia da coroação do Príncipe Charles.

 

Coroação do Príncipe Charles

O Trono é uma peça muito antiga, e nele todos os monarcas britânicos foram coroados, desde 1296. E claro que com o Príncipe Charles não seria diferente. Com a morte da Rainha Elizabeth II, ele foi coroado Rei no dia 6 de maio de 2023. 

(*A Rainha Elizabeth II morreu no dia 8 de setembro de 2022 aos 96 anos de causas naturais/velhice.) 

A Pedra do Destino estará de volta ao Trono inglês, temporariamente, para a Coroação do Príncipe Charles, e quando voltar para Escócia, será transferida para a Prefeitura de Perth, agora um centro de artes, perto da antiga Abadia de Scone. 

Curiosidade: Há outros tronos que serão usados durante a cerimônia de coroação. O Trono de Edward 1º só tem destaque no momento em que o Príncipe Charles for ungido soberano. Depois ele passará para outro, no centro da Abadia. Lá, Camilla, como Rainha Consorte, estará em um assento semelhante, mas colocado em um nível inferior de altura, para marcar sua posição.

 

** Esse post eu escrevi baseado numa reportagem do site UOL escrita por Ana Cláudia Paixão publicada no dia 05/05/2023.

 

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Ana Cassiano

Morei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.

MMorei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.orei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.