O Muro de Berlim
- East Side Gallery
- O Beijo Mortal
- Kreuzberg
- Checkpoint Charlie
- Museu do Muro
- Topografia do Terror
- O salto do soldado
- Portão de Brandemburgo
- Bornholmer Straße, a 1ª travessia de pessoas após a Queda do Muro
- O Muro caiu, mas ele ainda existe
- Foto de satélite
- Os turistas e o Trabant
- Banda U2 Achtung Baby
- Por que o Muro de Berlim foi construído?
- A Queda do Muro
- A Reunificação da Alemanha
- Transmissão ao vivo!
- A data não é feriado
East Side Gallery
Na estação Ostbahnhof do metrô está a East Side Gallery. Parte do Muro que ainda restou de pé (cerca de 1 km) foi usado como tela de artistas do mundo inteiro que correram para Berlim depois da queda do Muro para deixar registrado nele suas impressões.
As pinturas ficam ao longo da rua Mühlenstraße e vão até a ponte Oberbaum Brücke. O Muro é todo grafitado. Na verdade mesmo, é uma grande galeria a céu aberto.
Uma das obras famosas é (traduzindo) "Carro rebentado através da parede", de Birgit Kinder que retrata o Trabant, símbolo da Alemanha oriental.
Mais arte no Muro:
Olha que legal essa foto que bati do meu filho. E anos depois, bati uma com a minha filha no mesmo lugar!
No prédio do outro lado da rua, tem um grafite gigante que também chama muita atenção. É o desenho de um casal que diz "I ♥ Berlin" e "Berlin é muito sexy" (Frase do prefeito Klaus Wowereit que sempre dizia que "Berlin é pobre, mas é sexy")
O Beijo Mortal
A agência de notícias britânica Reuters completou mais de 30 anos de existência. Seu foco são assuntos econômicos e políticos. Nessas décadas de trabalho, a agência já publicou muitas fotos famosas, mas sem dúvida uma das mais comentadas foi a do beijo entre o líder soviético Mikhail Gorbachev parabenizando o líder da Alemanha Oriental Erich Honecker após a reeleição como Secretário-Geral do Congresso do Partido Comunista em Berlim em 1986.
Foto Agência Reuters 1986
Atualmente, no muro de Berlim tem uma obra (que se chama "O Beijo Mortal") pintada pelo artista russo Dmitry Vrubel que retrata a foto acima certo?
ERRADO! A inspiração do muro veio de outra foto (que até parece a mesma!) Em 1979 o fotógrafo Régis Bossu esteve em Berlim para retratar as festividades do 30º aniversário da Alemanha Oriental. As celebrações tinham como convidado de honra o líder soviético Leonid Brezhnev, que depois de um discurso, foi cumprimentado com um beijo bastante entusiasmado do então presidente da Alemanha Oriental Eric Honecker (sim, o mesmo Eric Honecker da outra foto!) Mas calma! Cumprimentos com beijos assim são normais entre os russos!
Foto de Régis Bossu 1979
Kreuzberg
Andando por Berlim, a gente lida com a história da Guerra o tempo todo. Na região de Kreuzberg isso é bem evidente, porque lá o contraste entre a Berlim oriental e ocidental está claro até hoje. Há prédios novos, que foram construídos recentemente ao lado de construções mais antigas, de arquitetura bem soviética ainda.
Checkpoint Charlie
O Checkpoint Charlie fica nessa região (na rua Friedrichstraße). Era a fronteira entre os domínios soviéticos e americanos (bolinha vermelha no mapa acima). Este lugar testemunhou uma série de acontecimentos dramáticos durante o pós-guerra e a Guerra Fria. Era a trincheira de inspeção que controlava tudo e todos que entravam e saíam, local que se tornou um símbolo da divisão entre as duas Alemanhas.
"Você está deixando o setor americano" dizia a placa situada na fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental. E a placa está lá até hoje!
Die Mauer Panorama: Experimente viver a vida cotidiana à sombra do Muro de Berlim em um panorama único do artista Yadegar Asisi no Checkpoint Charlie (foto abaixo). Na rotunda especialmente construída, o panorama monumental em 900 metros quadrados mostra a vida cotidiana no distrito de Kreuzberg, em Berlim Ocidental, na década de 1980. A partir de uma plataforma de visitantes de 4 metros de altura, você pode mergulhar na instalação panorâmica. Preço: 11 euros.
Die Mauer Panorama.
Museu do Muro
Ao lado da guarita americana, fica o Museu do Muro. Ele conta em detalhes toda a história do muro e como as pessoas faziam para tentar escapar de um lado para o outro.
O único pedacinho do Muro que restou de pé nessa parte da cidade.
Fragmentos do Muro ficam inseridos pelos cantos da cidade, como se fosse uma instalação de arte.
Na esquina tem uma instalação preta em forma de caixa: a chamada Caixa Preta (Black Box). É um espaço dedicado à Guerra Fria, com informações e exposições autênticas.
A instalação chamada de "Caixa Preta".
Ao redor de toda essa esquina, tem muitas fotos em formato de grandes painéis, que fazem a gente se sentir dentro da cena mesmo. É impressionante.
Topografia do Terror
A Topografia do Terror fica bem perto do Checkpoint Charlie. É a região onde o muro foi preservado como ele era mesmo, ao natural, sem grafites nem pinturas de artistas famosos. Ainda estão lá os buracos que as pessoas fizeram à mão no dia da queda do muro.
Veja a famosa foto tirada nesse lugar e que na época rodou o mundo todo:
Nessa parte da cidade, o muro na verdade eram dois, com um espaço vazio entre eles, onde os guardas brincavam de tiro ao alvo com os fugitivos que tentavam atravessar. Esse era o endereço mais temido de Berlim. Aqui ficava a sede da Polícia Secreta Nazista (Gestapo). Depois da Segunda Guerra Mundial, tudo foi demolido. Nessa ocasião, foram encontrados porões onde ficavam as celas de torturas. Por isso, esse lugar de Berlim é chamado de "Topografia do Terror".
Hoje a Topografia do Terror é um memorial que documenta os crimes nazistas, mostrando às gerações atuais e futuras tudo que aconteceu, e não deixando assim que estes crimes e atrocidades caiam no esquecimento.
O salto do soldado
Na esquina da rua Zimmerstraße com Wilhelmstraße (perto do Checkpoint Charlie) existe uma placa que intriga todos que passam por ali.
Parece uma placa de trânsito, mas na verdade ela está virada de cabeça para baixo, e mostra a imagem de um soldado pulando uma cerca!
Logo nos primeiros dias depois que o Muro de Berlim foi construído, muita gente conseguiu atravessar e sair do setor comunista. Até guardas fugiram para o lado ocidental! Como foi o caso do soldado alemão Conrad Schumann. Na época ele tinha 19 anos e foi intimado à servir no exército soviético. Cuidava da linha divisória que não tinha muro ainda; era apenas um aglomerado de arames farpados.
No dia 16 de agosto de 1961 (3 dias depois da construção do Muro), Schumann ouviu os soldados do lado ocidental gritando para ele “-Venha!” e não pensou duas vezes. Saltou a cerca e correu com tanta velocidade, que nem deu tempo de atirarem nele. Entrou na viatura policial que o esperava do outro lado e fugiu desaparecendo por entre as ruas de Berlim ocidental.
O salto (que aconteceu na esquina das ruas Rupinerstraße com Bernauerstraße) foi incrivelmente registrado pelo fotógrafo Peter Leibing que conseguiu retratar o exato momento da fuga, em 16 agosto 1961.
A placa que vemos hoje de cabeça para baixo na Zimmerstraße é na verdade uma homenagem ao ato de bravura do soldado Schumann. Além da foto, existe até um vídeo ORIGINAL filmado exatamente no momento da fuga acredita?!
Infelizmente, 37 anos após o histórico salto, Schumann sofrendo de depressão, se enforcou no jardim da sua casa em Kipenbereg, na Baviera. Ele tinha 56 anos.
O soldado Schumann recebeu uma bonita homenagem. Em 2009, no 20° aniversário da Queda do Muro de Berlim, uma escultura chamada Mauerspringer (o saltador de muro) dos artistas Florian Michael Brauer e Edward Anders foi erguida perto do local do salto, e depois removida para um edifício na Brunnenstraße 47, onde funciona hoje um memorial.
Nessa região tem também um outro memorial enorme do Muro, a céu aberto, que se chama Gedenkstätte Berliner Mauer (Bernauer Str. 111). Existem até hoje túneis que as pessoas cavavam para atravessar do lado oriental para ocidental. E aqui nessa região, os turistas podem fazer o mesmo percurso de fuga que as pessoas usavam na época do Muro. Todo o trajeto é acompanhado por um guia especializado. É GRÁTIS!
Portão de Brandemburgo
E essa caminhada histórica por Berlim não poderia deixar de fora o Portão de Brandemburgo, o monumento que presenciou tanto a queda do Muro quanto a Reunificação da Alemanha.
Minha filha Júlia no Portão de Brandemburgo.
O Portão de Brandemburgo foi construído em 1789 para comemorar as vitórias prussianas nas guerras. Passou a simbolizar a capital alemã depois da queda do Muro. Hoje abriga a Sala do Silêncio, administrada pela ONU para que os visitantes reflitam sobre a paz.
Nesta área, o muro foi todo derrubado, mas no chão por onde ele passava, tem um recapeamento e placas escritas "Muro de Berlim 1961 à 1989". Dá para pisar em cima daquilo que já foi o muro um dia. Quando fiz isso, senti uma coisa estranha. É inevitável pensar nas milhares de pessoas que sofreram por causa desse terrível muro.
Bornholmer Straße, a 1ª travessia de pessoas após a Queda do Muro
Para quem gosta de visitar todos os pontos do Muro de Berlim que ainda existem na cidade, não pode deixar de ir à Bornholmer Straße.
Bornholmer Straße é uma avenida de 1,5 Km de extensão que conecta os bairros de Gesundbrunnen (Mitte) e Pankow. Nessa avenida há uma bela ponte (a Bösebrücke) onde funciona uma estação de metrô de Berlim.
Esse local é muito importante para a história porque aqui aconteceu a primeira travessia de fronteira quando o Muro de Berlim caiu. Foi lá que os primeiros alemães passaram do lado oriental para o ocidental.
Essa grande travessia de pedestres aconteceu no dia 9 de novembro de 1989 (o dia da Queda do Muro) e por isso, a praça ao lado da ponte leva esse nome.
Na calçada, ao longo da rua até a ponte, há escritos no chão que narram os momentos que antecederam a Queda do Muro de minuto a minuto.
Eu filmei essa parte do Muro mostrando os monumentos ao redor. Para ver CLIQUE AQUI
O Muro caiu, mas ele ainda existe
Apesar da queda do muro de Berlim, uma grande barreira ainda continuou existindo. Era a barreira cultural e econômica que havia se criado entre alemães orientais e ocidentais.
Nós no Muro de Berlim em 2006. Traduzindo a frase: "Ainda existe muito Muro para ser destruído."
Depois de tantos anos, os alemães já não se consideravam mais uma mesma nação. As pessoas tinham vidas diferentes, umas com hábitos totalmente consumistas causados pelo capitalismo, enquanto outras viviam regradas por causa do regime comunista. Foi um período complicado de adaptação e aceitação mútua, que na verdade dura até hoje de uma certa maneira.
A Alemanha ocidental teve que investir muito dinheiro para desenvolver a parte oriental, que há muitos anos ficou parada no tempo. Houve muitas críticas vindas da população que questionava a real necessidade desses gastos. Até hoje, há um certo preconceito (mascarado) por parte dos alemães ocidentais. E os orientais se julgam totalmente discriminados.
Foto de satélite
Essa foto abaixo é recente. É de Chris Hadfield, astronauta canadense e comandante da Expedição 35 da Estação Espacial. Ele publicou essa imagem com a seguinte legenda: "Berlim à noite!
As lâmpadas mostram que a divisão Oriental/Ocidental ainda existe! A imagem de satélite mostra claramente que a antiga Berlim ocidental é muito mais iluminada à noite, devido aos altos níveis de atividade comercial, mesmo anos depois da queda do Muro.
Um grande número de varejistas que apostaram e abriram filiais em Berlim oriental após a reunificação, tiveram que fechar suas lojas. Continuam porém à todo vapor com seus negócios no lado que era o ocidental, citando uma maior fidelidade dos clientes.
Os turistas e o Trabant
O Trabant era o carro fabricado na Alemanha Oriental até a queda do muro de Berlim. Hoje faz “safari” pela cidade. O turista compra um pacote que simula uma tentativa de fuga para o lado ocidental da cidade. Na simulação, o carro é parado por homens vestidos de guardas, que fazem a inspeção do automóvel e das pessoas do interior dele, que no caso, é o turista.
Andando pelas ruas, a gente vê um monte de Trabants fazendo safari e sendo "vistoriados". hahahaha Turista é um barato!
Ao pararem nos postos de inspeção, os turistas vão ganhando carimbos no passaporte, exatamente como funcionava na época do Muro.
Uma inspeção de verdade, 1961.
O Trabant é hoje chamado "carinhosamente" de Trabi.
Banda U2 Achtung Baby
A banda irlandesa U2 se inspirou nessa foto para dar o nome ao seu mais bem sucedido álbum, o “Achtung Baby”, que em alemão significa “Tenha cuidado!”.
Buscando inspiração para o novo disco, o grupo começou a gravar no Hansa Studios em Berlim. A banda desembarcou exatamente no dia 3 de outubro de 1990, no último voo para a Berlim Oriental da história, no dia da Reunificação Alemã. Foi lá que nasceu a música "One", que fala de amor e reconciliação. O vídeo clipe da música "Stay -Far Away, So Close" foi todo filmado em Berlim.
Imagens da banda com Trabants (carros da Alemanha Oriental) - vários dos quais foram pintados de cores vivas - aparecem na capa e em todo encarte do disco. Estes veículos foram mais tarde incorporados à turnê "Zoo TV" como parte do sistema de iluminação, e depois doados para vários "Hard Rock Cafes" espalhados pelo mundo todo.
Em 2009, no 20° aniversário da Queda do Muro de Berlim, a banda U2 fez um show histórico no Portão de Brandemburgo. Enquanto a música "One" tocava, projeções simbólicas eram feitas nas colunas do Portão.
Assista o vídeo do show clicando AQUI
Por que o Muro de Berlim foi construído?
O final da Segunda Guerra Mundial foi assim: as tropas dos países aliados (Inglaterra, Estados Unidos e França) ocuparam a Alemanha nazista e Hitler foi derrotado.
Enquanto a população se recuperava tentando sobreviver, os aliados vencedores dividiram o controle da Alemanha e de sua capital Berlim. Quase 3 milhões de alemães orientais abandonaram o lado controlado pelos soviéticos e passaram a viver nos setores controlados pelos franceses, britânicos e americanos.
A fuga foi bem mais intensa em Berlim. Então, para conter o êxodo, os soviéticos resolveram tomar providências. Na noite de 12 para 13 de agosto de 1961, eles surpreenderam o mundo construindo um muro de cimento e arame farpado dividindo a cidade.
Com o tempo, a barreira foi se tornando mais difícil. Eram 166 quilômetros de muro duplo, com um espaço no meio repleto de explosivos, cachorros e cercas elétricas. Tinham 300 torres de observação e 14 mil guardas. O muro se estendia por Berlim como uma cicatriz, consequência da Guerra Fria. Mesmo assim, muitos morreram tentando fugir para o lado ocidental. Foram dezenas de tentativas de fuga e mortes em vão.
Quem morava em Berlim ocidental, podia ir para o outro lado, passar o dia lá e legalmente voltar. Mas quem morava na Berlim oriental, não podia sair de lá.
Durante 28 anos, o muro representou uma prisão. Separou o país e se tornou o símbolo mais cruel das diferenças entre as ideologias socialista e capitalista.
Olha essa reportagem (ótima) que passou no Jornal Nacional em 1986. O muro ainda existia, não tinha caído ainda.
Assista abaixo:
A Queda do Muro
28 longos anos se passaram... Nesse momento da história, o sistema socialista no leste europeu estava em crise. As notícias vinham de Moscou e se espalhavam pelo mundo.
Em 1989, começou a ocorrer uma série de protestos e manifestações civis, numa onda revolucionária que pressionou o governo da Alemanha oriental. Então, no dia 9 de novembro daquele ano, um porta voz da Alemanha Oriental fez um anúncio atrapalhado, declarando que todos os cidadãos poderiam visitar a Alemanha Ocidental capitalista... FOI SIMPLES ASSIM! Nem dava para acreditar!
À partir daquele anúncio, multidões de alemães orientais começaram a subir e atravessar o Muro, juntando-se aos alemães ocidentais que já esperavam do outro lado, em uma atmosfera de pura celebração. Os guardas das guaritas nem sabiam como reagir! Por pouco, não virou uma tragédia sangrenta, porque antes a lei era atirar para matar quem tentasse atravessar o muro.
O anúncio foi tão rápido e inesperado, que pegou até os guardas de surpresa. Mas a coisa acabou sendo pacífica, por incrível que pareça.
No vídeo abaixo, em 1989, o Jornal Nacional anunciando a queda do Muro de Berlim, com a inesquecível reportagem do repórter de Silio Bocanera.
Assista:
E ao longo das semanas seguintes, partes do Muro foram sendo destruídas euforicamente à mão mesmo. Só depois, usaram equipamentos industriais para derrubar o resto. Pouco restou do muro.
A Reunificação da Alemanha
No dia 9 de novembro de 1989, o muro começou a ser derrubado. O muro (físico) estava sendo aos poucos destruído, mas a reunificação da Alemanha oficialmente ainda não tinha sido decretada.
Os governantes, tanto da Alemanha Ocidental quanto da Oriental, iniciaram então um longo processo de negociação. A reunificação só ocorreu mesmo 1 ano depois, com um árduo diálogo entre o chanceler da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl e o líder soviético Mikhail Gorbachev, que concordou em retirar suas tropas do país após 45 anos de ocupação.
Então a queda do Muro de Berlim abriu o caminho para a Reunificação Alemã, que foi formalmente celebrada em 3 de outubro de 1990. Esse foi o fim da Guerra Fria.
Uma Curiosidade
O chanceler alemão Helmut Kohl, que participou ativamente do processo da Reunificação da Alemanha, é natural daqui da cidade onde eu moro, Ludwigshafen am Rhein, e ele vive aqui até hoje! (escrevi isso em 2015). O povo daqui da região de Rheiland Pfalz tem o maior orgulho dele, que hoje está com 85 anos! (Atualizando o Blog - Ele faleceu em 2017)
Transmissão ao vivo!
Então, era meia-noite em Berlim do dia 3 de outubro de 1990, quando jornalistas do mundo todo transmitiram ao vivo, de frente ao Portão de Brandemburgo, a reunificação da Alemanha. Uma reportagem ficou marcada pra nós brasileiros, a do jornalista Pedro Bial que estava lá no dia. Assim ele anunciou:
“Há exatamente meia hora, a Alemanha é uma só nação. Berlim, a capital da nova Alemanha unificada, está tomada pelo povo. Pelo menos um milhão de pessoas estão nas ruas e todos querem celebrar a unidade nacional. Todos querem passar sob o Portão de Brandemburgo. É um delírio! Além do entusiasmo popular, todos os sinos da Alemanha começaram a tocar ao mesmo tempo, e os fogos de artifício coloriram a noite de lua cheia. A nova Alemanha unificada é a menor da história em tamanho, mas é uma super potência econômica. A economia mais poderosa da Europa é a terceira maior do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão. No discurso que fez hoje à noite para os alemães, o chanceler Helmut Kohl disse que essa Alemanha será diferente de todas as outras do passado, e que será um país amante da liberdade e da paz. E o mundo todo espera que assim seja... ”
Assista no vídeo abaixo, o emocionante momento que foi declarada a Reunificação da Alemanha, no dia 3 de outubro de 1990, narrado ao vivo pelo repórter Pedro Bial (no minuto 5:00 do vídeo). Aliás, é um documentário super importante e interessante.
Vale à pena ver do início ao fim:
A data não é feriado
Um dia é Feriado, mas o outro não. Entenda:
Dia 3 de outubro - Comemora-se o dia da Reunificação Alemã
Dia 9 de novembro - Comemora-se o dia da Queda do muro de Berlim
O dia 3 de outubro (data da Reunificação) é feriado nacional na Alemanha. Tudo para! Feriadão festivo mesmo, com shows em praças públicas e muitas celebrações. Já estive em Berlim algumas vezes nessa data, é incrível como eles festejam.
Mas o dia 9 de novembro (dia da Queda do Muro) quase passa batido. É um dia normal, letivo nas escolas, no trabalho, no comércio. Na foto abaixo, que eu tirei do meu calendário alemão, no dia 9 de novembro eles nem mencionam nada!
Mas por que??? Eu explico:
O Muro de Berlim começou a ser derrubado no dia 9 de novembro, e essa data coincide com a terrível Noite dos Cristais de 1938, quando os nazistas cometeram os piores atos de violência contra sinagogas, lojas e residências de judeus. Então a Alemanha, por questão de respeito, não quis fazer dessa data tão lamentável, um marco nacional. Escolheu o dia 3 de outubro para comemorar os dois eventos, tanto a Reunificação quanto a Queda do Muro.
O site de notícias DW (Deutsche Welle) publicou uma bela reportagem explicando em detalhes esse tema. Se você estiver interessado em ler, clique AQUI
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Ana Cassiano
Morei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.