Rota das Doceiras da Lapinha Minas Gerais

Choose the Language ↓ Escolha o Idioma
 
 

 

A Rota das Doceiras é um famoso roteiro turístico de Minas Gerais criado através do mapeamento das residências das produtoras de doces e quitutes da região da Lapinha, um município pertencente à Lagoa Santa, cidade à 50 Km de Belo Horizonte.

O projeto que criou a Rota das Doceiras surgiu para manter viva a tradição das receitas das famílias e promover feiras e eventos culturais que impulsionem a comercialização dos produtos, que são importante fonte de renda para a comunidade local.

Minha relação com a Lapinha já vem de anos, pois meus pais têm um sítio que fica bem na Rota das Doceiras. É um lugarejo bastante agradável e tranquilo, nosso refúgio familiar longe do agito de Belo Horizonte.

  Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Lapinha.

 

  A rua principal.

 

  O sítio dos meus pais.

 

A Lapinha é um lugar turisticamente especial. Ela fica em uma região histórica riquíssima, cheia de grutas e achados arqueológicos. A  Gruta da Lapinha  é um lugar muito visitado por turistas. Para ler mais sobre a gruta clique AQUI

Na Lapinha, a tradição da produção de doces e quitandas teve início no século 20, quando as chances de ascensão social para as mulheres da região eram limitadas, restando muitas vezes aprender os ofícios de suas mães e avós. Desta forma a prática artesanal de produção de doces e quitandas foi passada de geração em geração pela comunidade local. 

Os doces da região ganharam destaque principalmente à partir dos anos 70, com a inauguração da Gruta da Lapinha como atrativo turístico. Esse fato proporcionou as doceiras dispor de um espaço no entorno da Gruta para a comercialização de seus produtos, fazendo com que essa atividade se tornasse a principal fonte de renda para diversas famílias da região. 

Mas, em 2012 a administração da gruta foi cedida ao Parque Estadual do Sumidouro, o que resultou na perda do espaço das doceiras, trazendo prejuízos à muitas famílias que dependiam dessa atividade. 

 Portaria na entrada da Gruta da Lapinha, agora administrada pelo Parque Estadual do Sumidouro.

 

Foi então que surgiu o projeto da Rota das Doceiras, a partir da necessidade de resgatar a tradição da produção e do comércio de doces e artesanatos da Lapinha, além de manter essa importante fonte de renda das comunidades locais. 

A Rota das Doceiras da Lapinha é um projeto turístico da cidade de Lagoa Santa com iniciativa do vereador Waguinho em parceria com o turismólogo Ruben Valenzuela, de Marta Machado da empresa de turismo RECEPTUR e do Design Gráfico João Pedro. 

No ano de 2017 o Conselho Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico aprovou o Registro dos doces e quitandas da Lapinha como Patrimônio Imaterial do Estado de Minas Gerais.

Ao longo das ruas, as casas que fazem parte da Rota são identificadas por uma plaquinha branca e redonda na porta, indicando que ali mora uma doceira ou quituteira. 

  A Dona Tetéia é especializada em biscoitos e Cubu. 

 

Assista à Reportagem da Rede Globo feita na casa da Dona Tetéia, clique AQUI

 

   O Cubu (ou Cobu) é um tipo de broa de fubá assado em forno à lenha e enrolado em folhas de bananeira.

 

Então a gente bate a campainha e é atendido prontamente pela própria doceira e sua família. A recepção é calorosa e acolhedora. Somos convidados a entrar nas casas, sem cerimônia, com toda simplicidade e autenticidade que as famílias mineiras têm de sobra. A conversa flui gostosa, com direito a degustação de doces enquanto ouvimos os métodos usados nas etapas de cada preparo.

Dona Lôra é a doceira mais antiga da Lapinha. Ela aprendeu a fazer doces com a tia ainda na adolescência. Depois de tanto tempo fazendo doces, acabou tomando gosto pelo ofício e já soma mais de 30 anos comercializando seus produtos. Há cerca de 20 anos atrás, ela formou um grupo de 32 mulheres doceiras e com o apoio da Prefeitura Municipal de Lagoa Santa, tornou a comunidade conhecida através da arte de fazer doces.

Impossível sair da casa das doceiras sem ter nas mãos uma sacola cheia de doces variados!

Essa tradição mineira de produção de doces e quitutes vem principalmente da gastronomia portuguesa, implantada no Brasil na época das grandes fazendas, o que trouxe o hábito da sobremesa e da comida de passatempo, inserida em contextos de convívio social. Essa gastronomia se consolidou em terras mineiras à medida que os ingredientes locais foram se adequando às receitas, utilizando produtos típicos da região. 

  Sr. Joel, filho de uma das doceiras, preparando o Pequi para as receitas.

 

As principis doceiras da Lapinha são: Para visualizar todas no mapa clique Aqui

  • Dona Lôra → R. Santana, 81
  • Quintal da Lapinha → R. Ornelio Rodrigues, 262
  • Quitanda da Tetéia → R. Ornélio Rodrigues, 37
  • Cafofo Café com Arte e Tia Bete → R. Guilhermina Pereira Freitas, 739
  • Cidinha → R. Guilhermina Pereira Freitas, 629
  • Fiota → R. Argentina, 445
  • Irmãs Argentinas → Rua Argentina 150
  • Bárbara → R. João Francisco Avelar, 1148
  • Dona Roxa → Av. São Sebastião, 1816

 

Parque Estadual do Sumidouro, Quinta do Sumidouro e a Casa de Fernão Dias

Os arredores da Rota das Doceiras é lindo. Como se já não bastasse a delícia dos doces, tem também a beleza da paisagem. É um passeio realmente muito agradável.

Seguindo pela rua Santana, a gente atravessa uma área de fazendas e pastos, passando por um longo túnel formado pela copa das árvores, uma maravilha.

No final da estradinha, há uma igrejinha muito charmosa usada pelos locais para celebrações de missas, casamentos e quermesses. 

Entre a Lapinha e o vilarejo vizinho (Quinta do Sumidouro) fica o Parque Estadual do Sumidouro, uma zona de preservação. A gente pega uma estradinha bem bonitinha de 6,5 Km que atravessa o parque, ligando os dois municípios.

Na Quinta do Sumidouro, a Capela de Nossa Senhora do Rosário e a Casa de Fernão Dias formam um importante conjunto arquitetônico, arqueológico e paisagístico tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais.

A cidade foi fundada no século 17 e fica na região do Anhanhonhacanhuva, termo indígena que significa ”água parada que some no buraco da terra”. A lagoa do Sumidouro “some” (daí o nome) em um lindo e imenso paredão calcário, adornado por curiosas pinturas rupestres, e atinge o sistema subterrâneo de águas.

A Capela foi erguida pelas irmandades do Rosário e do Santíssimo Sacramento e pelas mãos dos escravos que trabalhavam na mineração no Vale do Rio da Velhas. A capela está entre as primeiras das Gerais que se vinculam ao período minerador. De proporções modestas, possui ornamentação interna de grande valor artístico.

A área onde se localizam a Capela e a Casa de Fernão Dias constitui-se de pouso da expedição bandeirista de desbravamento do território mineiro no final do século 17. Esses pousos, embora de caráter temporário, evoluíram e tornaram-se os primeiros núcleos urbanos e marcos da formação da cultura e do território mineiro.

Resolvendo permanecer na região enquanto não chegavam os suprimentos solicitados de São Paulo, Fernão Dias Paes Leme, bandeirante que buscava ouro na região, escolheu nos arredores uma porção de terra fértil e iniciou uma roça de cereais, por isso o nome Quinta do Sumidouro. Típica venda de apoio ao tropeirismo da Estrada Real do Sumidouro, a casa foi tombada pelo IEPHA / MG - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, em 1975, como marco da passagem do famoso bandeirante pela região. A Estrada Real permitia o abastecimento de alimentos da região mineradora, se estendendo até Salvador pelo vale do rio das Velhas e rio São Francisco. 

A Casa de Fernão Dias hoje funciona como museu com entrada GRÁTIS. Com espaço expositivo e anexo administrativo, nas proximidades da casa está em exibição uma canoa histórica, além de espaço educativo do Centro de Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico. 

A canoa foi encontrada em agosto de 1997 nas margens do rio das Velhas. Conhecida como “piroga”, foi esculpida em uma única peça de madeira de vinhático, com uso de técnicas sofisticadas, sendo a provável autoria conferida aos colonizadores portugueses. Ela foi utilizada provavelmente no período em que ocorreu a extração de ouro no Velhas, início da ocupação pelos bandeirantes na região da Quinta do Sumidouro no século 17. 

  Foto: Luíza Cota.

 

É a partir deste ponto que se inicia ainda a Trilha do Sumidouro, percurso de aproximadamente 2,3 Km, que tem como auge a Lapa do Sumidouro. Para fazer a Trilha do Sumidouro é necessário dirigir-se até a portaria Museu Peter Lund que fica na Gruta da Lapinha para pagamento de taxa e credenciamento.

A Quinta do Sumidouro é aquele lugar que parece livro de história; tem coreto, uma igrejinha e o comércio que fica ao redor da praça. Os visitantes têm a oportunidade de viver momentos de sossego, silêncio e calmaria.

 

Leia também:

Outras cidades e passeios pelo Brasil

Todos os posts do meu blog

Ana Cassiano

Morei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.

MMorei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.orei na Alemanha por 8 anos. Já visitei vários países de continentes diferentes. Sou Guia de Turismo em São Paulo, Escritora de Viagens e Colaboradora de Sites de Turismo.